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Quarta, 6 de fevereiro de 2008, 14h48

Fatboy Slim declara seu amor ao Brasil em cima do trio

Lucas Cunha

O amor estava literalmente no ar durante a terceira apresentação do DJ inglês Fatboy Slim no comando do bloco Skol na madrugada de terça-feira de Carnaval para esta quarta-feira de Cinzas no circuito Dodô (Barra - Ondina) em Salvador.

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Parece clichê e, até muitas vezes forçado, a excessiva necessidade de celebrar o Brasil de Fatboy. É camisa da seleção brasileira, trecho de uma música recentemente famosa no País (Rap das Armas, o grudento "pa-ra-pa-pa-pa" tema de abertura do filme Tropa de Elite, tocado no mínimo umas sete vezes) e até placa escrita em inglês com os dizeres: "Coloquem suas mãos para o alto pelo Brasil / Eu amo este País"(no original "Put Your Hands For Brazil / I Love This Country", trecho de uma música do DJ).

Mas as coisas começam a fazer sentido quando, no meio do desfile, o funk soul brother inglês coloca, entre as batidas eletrônicas do seu set, nada menos que a clássica canção dos dias dançantes do final dos anos 70 Love Is In The Air do cantor australiano John Paul Young.

No meio do mar de celebridades como o ex-BBB que está na geladeira da TV Globo, garotas do programa Pânico da TV e globais de segunda linha, todos presentes a parte VIP do trio, fui conversar apenas com aquele que poderia me explicar o que era aquilo, afinal de dancing days, ele entende: Nelson Motta, um dos maiores entendedores e participantes do que se pode chamar de música pop brasileira, seja como jornalista ou compositor das letras de sucessos do naipe da citada Dancing Days , das Frenéticas, e Como Uma Onda, de Lulu Santos.

Afinal, música eletrônica e Carnaval baiano combinam? "Eu vi o desastre que foi a primeira apresentação da Daniela (Mercury) com um trio eletrônico, todo mundo vaiando. Hoje em dia, o público já está mais do que acostumado". Sábias palavras de Motta, discretamente encostado para assistir a festa do povo, de costas para a badalação VIP.

Por mais que tenha sido importante a participação da rainha da axé-music para a introdução da música eletrônica na folia soteropolitana, foi a partir da chegada de Fatboy Slim que ela se tornou algo realmente massivo por aqui, presente em todos os camarotes e que já faz escola até em outros blocos, como o Yes Bahia, que convidou este ano o DJ holandês de trance Tiësto para puxar um dos dias de Carnaval.

Não dá pra negar que a esmagadora maioria dos foliões do bloco Skol ainda seja composta por gringos. Não à toa a frase, até cantada ironicamente por alguns durante o percurso, Where are you from ("De onde você é?"), era a fala mais comum durante a azaração no bloco, em inglês mesmo.

Mas, ainda assim, era só olhar a pipoca para ver ambulantes, gandhys, pagodeiros, foliões de blocos de axé e os outros diversos tipos que podem representar o que é o "povão" do Carnaval de Salvador dançando com imensa animação ao som da música eletrônica do Fatboy e seu ilustre convidado, o francês David Guetta.

Guetta merece várias considerações à parte. Estreante no Carnaval, o DJ parece não ter ficado acanhado diante da responsabilidade e ficou até bem mais tempo no comando das pick-ups do que o seu anfitrião. Muito popular principalmente na Europa, Guetta teve sucessos seus como The World Is Mine e, principalmente Love Is Gone, cantadas por boa parte dos foliões do bloco. Um caso de paixão instantânea entre Guetta e o Carnaval de Salvador. A excitação era clara no rosto do DJ, que dava para ser bem visto do telão no espaço VIP do bloco.

São vários os momentos de destaque das apresentações dos DJS que poderiam ser lembrados, mas um, em especial, foi particularmente peculiar: já perto do final do percurso em Ondina, Fatboy colocou para tocar a música Could You Be Loved, hino do mestre do reggae Bob Marley, o que já aconteceu pelo menos na última apresentação dele em 2007 no Carnaval.

Mas, por algum motivo da pick-up ou do seu vinil, a música teve que ser cortada no meio, o que provocou a fúria do DJ e até alguns palavrões, algo estranho para um público acostumado a ver um DJ só sorrisos. Mas a solução foi rápida: Fatboy tirou um dos seus vinis como um dos seus maiores sucessos, a sua música Praise You, a qual seus versos pareciam um pedido de desculpa pelo pequeno contratempo "Nós estamos a um longo tempo juntos / passando pelos tempos ruins e bons / Eu tenho que te celebrar, baby / tenho que te honrar como eu devo".

Ao final da apresentação, fica a dúvida se o declarado amor de Fatboy Slim ao Carnaval de Salvador vai resistir aos próximos anos de folia e se a paixão do estreante Guetta vai se transformar em algo duradouro. A resposta, só em 2009.

Agência A Tarde

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